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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Escatologia - O uso da alegoria no Novo Testamento.


Para justificar o uso do método alegórico, freqüentemente se argumenta que o próprio Novo Testamento o emprega, por isso, só pode tratar-se de um método justi-ficável de interpretação. 1. Em primeiro lugar, faz se referência a Gálatas 4.21 31, em que o próprio Paulo teria usado o método alegórico. Quanto a esse suposto emprego da alegoria, Farrar observa: ... alegoria que de alguma forma se assemelhe às de Filo, ou à dos pais, ou à dos escolásticos, só consigo encontrar uma no Novo Testamento [Gl 4.21-31]. Ela pode ter sido usada por Paulo como simples argumento ad hominem; não é, de maneira alguma, essencial ao argumento; não tem uma partícula de força demonstrativa e, além de tudo, deixa intocada a história real. No entanto, seja qual for nossa opinião sobre a passagem, a ocorrência de uma alegoria na epístola de Paulo não sanciona a aplicação universal do método, assim como umas
poucas alusões neotestamentárias a Hagada [*Conjunto de tradições narrativas e interpretativas judaicas, algumas delas lendárias, associadas às narrativas do Antigo Testamento. (N. do T.)] não nos obrigam a aceitar todos os Midrashim [** Interpretações rabínicas em que sentidos secundários e esotéricos eram propostos para passagens do Antigo Testamento. (N. do T.)] rabínicos, nem umas poucas citações de poetas gregos provam a autoridade divina dos escritos pagãos... (FARRAR, op. cit., p. xxiii) Gilbert, seguindo a mesma linha, conclui: Uma vez que Paulo explicou alegoricamente um acontecimento histórico do Antigo Testamento, parece provável que aceitasse a possibilidade de aplicar em outros lugares o princípio da alegoria; no entanto, o fato de suas cartas não mostrarem nenhuma outra ilustração inconfundível de alegoria mostra que ele não sentiu que fosse cabível desenvolver o sentido alegórico das Escrituras, ou, o que é mais provável, que em geral ele ficava mais satisfeito em oferecer a seus leitores o sentido original simples do texto. (George H. GILBERT, The interpretation of the Bible, p. 82) Com respeito ao uso do método por outros autores do Novo Testamento, Farrar conclui: A melhor teoria judaica, purificada no cristianismo, toma literalmente os ensinos da velha dispensação, mas vê neles, como Paulo, a sombra e o germe de desenvolvimentos futuros. A alegoria, embora usada uma vez por Paulo a título de ilustração passageira, é desconhecida de outros apóstolos e jamais sancionada por Cristo. (FARRAR, op. cit., p. 217.)
Devemos observar cuidadosamente que em Gálatas 4.21-31 Paulo não está usando o método alegórico de interpretação do Antigo Testa-mento, mas está explicando uma alegoria. São duas coisas completamente diferentes. As Escrituras estão repletas de alegorias, sejam tipos, sejam símbolos, sejam parábolas. Esses são meios aceitos e legítimos de comunicar o pensamento. Não exigem um método alegórico de interpretação, que negaria o antecedente literal e histórico e usaria a alegoria apenas como trampolim para a imaginação do intérprete. Antes, exigem um tipo especial de hermenêutica que será considerado posteriormente. O uso de alegorias, entretanto, não é justificativa para o uso do método alegórico de interpretação. Conclui-se que o uso do Antigo Testamento em Gálatas seria um exemplo de alegoria e não justificaria a aplicação universal do método alegórico a toda a Escritura. 2. O segundo argumento para justificar o método alegórico é o uso que o Novo Testamento faz de tipos. Sabe-se que o Novo Testamento faz uma aplicação tipológica do Antigo. Com base nisso, argumenta-se que o Novo Testamento emprega o método alegórico de interpretação, afirmando-se que a interpretação e o uso de tipos constituem o método alegórico de interpretação. Allis argumenta: Embora os dispensacionalistas sejam literalistas extremados, são também incoerentes. São literalistas ao interpretar profecia. Na interpretação da história, todavia, levam o princípio de tipificação a um extremo que raramente foi alcançado sequer pelo mais ardente alegorista.( ALLIS, op. cit., p. 21) Em resposta à acusação de que interpretar tipos é utilizar o méto-do alegórico, devemos enfatizar que a interpretação de tipos não é a mesma coisa que a interpretação alegórica. A eficácia do tipo depende da
interpretação literal do antecedente literal. Para comunicar verdades no campo espiritual, com o qual não estamos familiarizados, é preciso haver instrução em um campo que conheçamos, de modo que, por meio da transferência de algo literalmente verdadeiro neste campo, possamos aprender o que é verdadeiro no campo anterior. E necessário haver um paralelismo literal entre o tipo e o antítipo para que o tipo tenha algum valor. Quem alegoriza o tipo jamais chegará à verdadeira interpretação. A única maneira de discernir o significado do tipo é pela transferência de idéias literais do campo natural para o espiritual. Chafer escreve corretamente: No estudo de alegorias de várias espécies ou seja, parábolas, tipos e sim-bolos, o intérprete precisa ser cuidadoso para não tratar declarações claras das Escrituras segundo o que se exige da linguagem característica das expressões figuradas. Uma verdade já expressa merece ser repelida nesta altura: há toda a diferença do mundo entre interpretar uma alegoria das Escrituras, de um lado, e alegorizar uma passagem literal, de outro. (Rollin T. CHAFER, The science of biblical hermeneutics, p. 80.) Conclui-se, assim, que o uso de tipos nas Escrituras não sanciona o método alegórico de interpretação.

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