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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Escatologia - Capítulo I - Os métodos de interpretação


Introdução Das muitas perguntas que se deparam ao estudioso de escatologia, nenhuma é mais importante que a questão do método empregado na in-terpretação das Escrituras proféticas. A adoção de diferentes métodos de interpretação produziu as várias posições escatológicas e dá conta das diversas concepções de cada sistema em desafio ao estudioso da profecia. As diferenças básicas entre a escola pré-milenarista e a amilenarista e entre os defensores do arrebatamento pré-tribulacionalista e os do pós-tribulacionalista são hermenêuticas, provenientes da adoção de métodos de interpretação divergentes e inconciliáveis. A questão fundamental entre pré-milenaristas e amilenaristas foi claramente definida por Allis, que escreve: Uma das características mais marcantes do pré-milenarismo em todas as suas formas é a tônica dispensada à interpretação literal das Escrituras. A alegação constante de seus defensores é que somente quando interpretada à letra a Bíblia recebe verdadeira interpretação; e denunciam como "espiritualistas" e "alegoristas" os que não interpretam as Escrituras com o mesmo grau de literalidade que eles utilizam. Ninguém faz essa acusação de modo mais agudo que os dispensacionalistas. A questão da interpretação literal versus a figurada é, portanto, algo que precisa ser encarado desde o princípio [grifo do autor].(Oswald T. ALLIS, Prophecy and the churcli, p. 17.)
Quando ALLIS reconhece que "a interpretação literal sempre foi característica marcante do pré-milenarismo"(Ibid., p. 244. Cf. p. 99,116, 218, 227, 242, 256, em que aparecem outras referências à interpretação literal como base do pré-milenarismo.) ele concorda com Feinberg, que escreve: ... pode-se demonstrar que a razão de a igreja primitiva ter sido pré-milenarista foi o fato de ter interpretado a Palavra de maneira literal, ao passo que o abandono dessa visão nos séculos seguintes da história é diretamente atribuído à mudança do método de interpretação, a começar por Orígenes em particular. (Charles L. FEINBERG, Premillennialism or amillennialism, p. 51.) Hamilton afirma: É preciso admitir francamente que a interpretação literal das profecias do Antigo Testamento apresenta o cenário de um reino terreno do Messias tal qual proposto pelos pré-milenaristas. Era esse o tipo de reino messiânico que os judeus do tempo de Cristo esperavam, com base numa interpretação literal das promessas do Antigo Testamento. Era o tipo de reino de que os saduceus falavam quando ridicularizaram a idéia da ressurreição do corpo, extraindo do Senhor a declaração mais límpida das características da era vindoura que temos no Novo Testamento, quando Ele lhes disse que erravam por não conhecerem nem as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22.29) [...] os judeus buscavam o mesmo tipo de reino esperado pelos pré-milenaristas, que falam do lugar de primazia ocupado pelos judeus num reino judaico terreno a ser estabelecido pelo Messias em Jerusalém. (Floyd E. HAMILTON, The basis of millennial faith, p. 38-9.) Assim, ele reconhece que a diferença básica entre ele mesmo, amilenarista, e o pré-milenarista não é se as Escrituras ensinam um reino terreno, como quer o pré-milenarista, mas como os versículos que ensinam esse reino terreno devem ser interpretados. Allis admite que "as profecias do Antigo Testamento, se interpretadas literalmente, não podem ser consideradas já cumpridas, ou susceptíveis de se cumprir na presente
era".( ALLIS, op. cit, p. 238.) Portanto, antes de qualquer debate sobre as passagens proféticas e sobre as doutrinas escatológicas, é preciso estabelecer o método básico de interpretação por ser empregado no processo. Isso é bem observado por Pieters, que escreve: A questão de as profecias do Antigo Testamento concernentes ao povo de Deus deverem ou não ser interpretadas em sentido normal, corno as demais passagens, ou de poderem ou não ser aplicadas de modo adequado à igreja é a chamada questão da espiritualização da profecia. Esse é um dos maiores problemas da interpretação bíblica diante de todos os que se propõem realizar um estudo sério da Palavra de Deus. Esse é um dos principais segredos da divergência de opinião entre os pré-milenaristas e os outros estudiosos cristãos. Aqueles rejeitam tal espiritualização, estes a empregam; e, enquanto não houver acordo quanto a essa questão, o debate será interminável e infrutífero [grifo do autor].( Albertus PIETERS, The Leader, 5 Sept, 1934, ap. Gerrit H. HOSPERS, The principle of spiritualization in hermeneutics, p. 5.)

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